quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Cigarro mais barato.

Então estava olhando a chuva cair na janela, criando uma nevoa triste, vendo pessoas andando com seus guarda chuvas comprados no centro da cidade porque o céu caiu de repente. Cada Guarda-chuva deve custar no mínimo dez reais, e então podemos comprá-lo com dez moedas de um real ou cinco notas de dois, talvez duas notas de cinco ou vinte reais com dez de troco. Voltamos ao valor inicial.
Vendo as pessoas andando de mãos dadas, alguns homens protegendo a mulher em um abraço ou até mesmo moleques que dividem sua proteção, com senhoras de idade, tento relembrar totalmente em vão, qual é o real sentido do amor e até jurei, que não tocaria no diário até o ano que vem, pois sim, escrevi algo em duas páginas escuras , que tem essência de baunilha... é como um viciado em nicotina que diz à si mesmo : "- Juro que este será o ultimo." - e então ele está com um isqueiro na mão, e retira  um cigarro Eigth ( o mais barato) do bolso da jaqueta de couro e põe na boca, olhando para os lados para ver se alguém vem - Bem, outra promessa era escrever sobre coisas novas, mas a menina de cabelos pretos enrolados ,simplesmente reaparece naquela rajada de água, que a poeira se levanta na terra e logo se assenta. O Cheiro de terra molhada, no chão de um sitio.E é quase o mesmo efeito que aquele cheiro doce no cangote dela me inspira. Tentei entender a ligação de uma virginiana em minha vida, e não achei indícios de que um dia daria certo, - não que eu seja ruim, complicada ou vigarista, para que desse errado, e , muito menos que ela seja - mas acho que ela é muita areia neste caminhãozinho recém descoberto, que dá até pra sentir o cheiro bancos novos. Pois bem, até encontrei poemas lá no antigo diário, cheio de declarações e espalhafatos cruéis, e que em um deles, eu havia escrito :" - E mesmo que um dia a esqueça, este amor tornaria a aparecer ."- E me sinto uma tola por tatuar algo assim numa folha , logo no início de nosso quase e suposto relacionamento, onde reproduziu em meu coração algo simplesmente impactante, pelo simples fato de ter ficado bastante delineado, e um dia quem sabe, fique como tatuagem de presidiário, bem apagadinha - você já notou uma antes? - e o amor que devia ser algo cheio de mimimi, ligações de madrugada por um pesadelo, em que a voz póstuma , acalmaria  o coração, mas me enganei um pouco e alerto á todos vós que esse mimimi imaginário só me levou à prantos, e as atualizações da pequena morena, me faz olhar a foto, me encolher num canto da cama ,onde acima da minha cabeça, há uma prateleira de livros cor de marfim , e chorar, porque a cada dia mais ela está longe. Resolvo sair da janela, e visto uma capa de chuva rosa, boto galochas pretas , pego minha mochila que foi usada em nosso passeio, e abro a porta, mas continuo lembrando que a ponta dos dedos nossos dedos, já não se chocam mais , suas mãos permanecem fechadas , como se segurasse um cartão ou uma joia preciosa e seus lábios, Ah  ... os lábios... ressecaram. E esse funcionário mal pago , denominado Sr. Coração, se ofende pela folha de pagamento, e invés de pô-la para fora, dando a ela o auxílio aluguel, para que se aloje em um coração de estrutura melhor e sem rachaduras, jogando suas malas na rua, dá um prazo maior para que arrume suas coisas, e lhe lança um sorriso obsceno que ela nem nota. Um dia ela  me deu seu endereço, o ônibus que eu poderia pegar,e não consigo lembrar qual é, mas vou até o ponto e espero o ônibus chegar, penso e repenso, e acho que é este que está descendo a rua, aceno para ele,  mas quando paro para pensar, vejo-te na sala de estar, sentada com toda a sua família após a ceia de natal, jogando aquele jogo de cartas de perguntas e respostas que você tanto gosta e que compramos praticamente juntas, ensinando alguém a jogar, e então vocês vencem mais uma partida, e quando olho novamente,  não consigo definir o cabelo dela, nem as roupas, mas sei que é uma linda guria, e então vocês se beijam para comemorar mais uma vitória, enquanto seus pais encolhem os ombros e sorriem para si.
. Quando o motorista careca abre a porta e pergunta "- E aí , vai subir?"  e levanta uma sobrancelha , eu disfarço e lhe dou um sorriso seguido de um aceno negativo de cabeça. Ele fecha a porta e vai embora, e eu também vou. Então entendo que não posso estragar isso, nunca a vi tão feliz antes.